As regras que tive que quebrar
- Rebeca Rihensa
- 25 de mai. de 2017
- 2 min de leitura

Tive que quebrar algumas regras para ser eu. Não o meu eu definitivo, mas o meu eu que quis ser naquele momento. O que não aceitava não poder ser por causa de algumas regras que me barravam.
Onde já se viu me limitar a um tom de batom quando existia toda uma paleta de cores. Minha mãe desde cedo dizia "negra não fica legal de batom vermelho". Falaram isso para ela e ela acreditou e sem nenhuma maldade me fez acreditar.
O meu eu de batom vermelho ainda não sentia livre o suficiente, outra mentira pairava no ar, "negra só fica bonita com cabelo preto e castanho", mais uma vez nos proibindo de usufruir das cores. Logo elas que são de domínio publico e não pertencem a ninguém. Eu tive que quebrar mais uma regra, eu quero o azul, rosa roxo, deixa eu quero ser nega lora, deixa eu ser eu.
Como se não bastasse querer tirar de mim a cor, queriam também me limitar. Quando tinha cabelo cumprido eu devia cortar por que afinal baixinha não pode ter cabelo muito grande. E quando cortei devia deixar crescer, pois homem gosta de mulher com cabelo longo. Pois eu gosto de homem que não liga para o tamanho do meu cabelo. No meu cabelo mando eu. Em mim mando eu.
Essas coisas não foram suficiente, claro. Havia mais uma prisão que queriam me colocar. "Hey não usa essa blusa, gordinha não pode usar". Pois agora além das cores, de limitar o tamanho do meu cabelo, queriam também tirar o meu direito de usar o que eu quiser. De me expressar com a roupa que eu quiser e de usar o que esta na moda se eu quiser.
Ouvi também que gordinha não pode chamar atenção, por que já chama atenção por si só. Pois se eu quiser usarei calça estampada com blusa de paetê e chamarei mais atenção ainda.
Tantas coisas que eu ouvi, tantos padrões, tantos rótulos, tantas regras que não fazem parte da constituição, mas que queriam me impor. Eu tive que ser forte e tive que quebra-las.
Isso não é rebeldia, é liberdade, a liberdade de ser quem você é mesmo quando a sociedade diz que você deveria ser diferente. Esses dias vi a seguinte frase na internet "Pássaros criados em gaiolas acreditam que voar é uma doença". É agora entendo, quem decidiu sair foi eu, eles só queriam me manter na gaiola que ele estavam.
Liberte-se de rótulos, em vez de tentar colocar mais pessoas presas na gaiola deles, pois na emissora da vida a propaganda de padrões deveria ser proibido.
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